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1 de julho de 2010

A Fonte Secou?

 O ruim de gostar de escrever – e querer viver disso – é que mais cedo ou mais tarde as ideias acabam. Talvez “acabar” não seja o termo exato. A figura que mais se aproxima do que quero dizer é a de uma torneira que, mesmo aberta, só libera poucas gotas de água. Os mais cultos chamariam isso de “bloqueio criativo”. Concordo com a definição. Parece que alguém pegou sua criatividade e deu um tapa na cara dela, ameaçando-a caso queira se manifestar novamente.
Há alguns anos, posso dizer que tinha bastante inspiração. Escrevi crônicas quase todos os dias (o que não quer dizer que elas eram boas, apenas que elas existiam). Hoje em dia, no entanto, simplesmente não funciona mais assim. Não tenho mais insights, não tenho mais ideias, não tenho mais nem vontade de sentar à frente do computador para escrever. Quer dizer, vontade eu tenho, e muita. Mas não rola.


Junte isso a um defeito praticamente incurável que carrego desde cedo – a competitividade extrema – e você tem aí a fórmula da frustração. Explicando: ao mesmo tempo em que não consigo achar inspiração suficiente para escrever bons textos e meu tão sonhado livro, vejo pessoas se dando muito bem justamente na área em que mais desejo crescer. E aí o ego fica balançado, mesmo a gente não querendo admitir. “Por que fulano está se dando bem desse jeito?”. E por aí vai. O que mais me aflige, no entanto, é a possibilidade de essa fase não ser um simples bloqueio criativo, e sim algo mais grave, como uma “esterilidade criativa”. E se esse monte de stress da vida adulta tiver simplesmente feito a fonte secar? E se eu virei escravo da rotina e não conseguir, nunca mais, criar nada de interessante? Reparando bem, nem um riffzinho de baixo eu fiz esse ano ainda... Socorro!

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