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9 de julho de 2010

Sobre Bruno e o Cristianismo

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer algo importante aqui: esse texto não é, de forma alguma, sobre o goleiro Bruno. Ele será citado daqui a pouco? Sim, será. Mas o protagonista desta crônica não é o ex-guarda-redes do Flamengo. O verdadeiro foco aqui somos eu e você (talvez não nessa ordem) e o Cristianismo em que creio e procuro viver.
Um dos argumentos mais utilizados por quem critica o Cristianismo praticado hoje em dia é o de que se fala uma coisa, mas vive-se outra. O grande problema desse ponto de vista é a generalização. Conheço cristãos que se doam de tal maneira que dá até vergonha de ficar perto, como um pastor amigo meu que fez uma tremenda mobilização para arrecadar recursos para reconstruir igrejas no Haiti ou um músico, também amigo meu, que junta uma turma de amigos depois do futebolzinho e leva alimentos e cobertores para mendigos nas ruas. Existem as maçãs podres? Claro! Como em qualquer lugar, na igreja também há pessoas que fingem, mentem, fazem fofoca... É triste, mas é verdade.


E o que isso tem a ver com o caso do goleiro Bruno? Muita coisa. Se ele é culpado ou não, a justiça dirá. O que preocupa é o fato de que vemos pessoas que não são policiais, advogados ou juízes, e que já têm até a sentença do caso na ponta da língua. Simplificar o caso chamando o atleta de “monstro”, “assassino” e outros adjetivos amáveis do tipo é conveniente, pois nos dá a falsa sensação de que somos pessoas melhores que ele.
A Bíblia diz que nós não devemos julgar ninguém, pois seremos julgados com a mesma medida. Ao julgar Bruno, apontamos nele algo de perverso que existe em todos nós, sem exceção. A natureza do homem é corrompida, para usar uma palavra amena. Aí você pensa “eu nunca [e enche a boca para dizer o nunca, com ênfase] mataria uma pessoa” ou “eu nunca teria um filho fora do casamento” – se colocando na posição de ser superior e impecável. Sobre isso, a Bíblia dá uma aula de humildade: o apóstolo Paulo, autor de 13 livros do Novo Testamento, sujeito que foi perseguido, humilhado e preso por causa do Cristianismo, diz que ele era o pior dos pecadores. Se Paulo era o pior dos pecadores, o que sou eu, então? Tem que inventar uma nova categoria...
Ao julgar Bruno, temos a satisfação perversa de apontar o erro do outro, na esperança de que o nosso próprio seja esquecido. Talvez você realmente nunca chegue a matar alguém. Talvez você nunca seja infiel no casamento. Mas você poderia afirmar, com 100% de certeza, que nunca mataria alguém? Em uma situação de emergência, para proteger alguém da família, para salvar a própria vida, você afirma com certeza que não seria capaz de tirar a vida de alguma pessoa? Eu não conseguiria fazer tal afirmação. Não porque acredite que tenha tendências violentas ou algo do tipo, mas porque entendo que a maldade, infelizmente, é algo inerente ao ser humano, e que essa maldade pode, cedo ou tarde, vir à tona.

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