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12 de maio de 2010

Haiti - Dia 01

Chegamos ao Panamá por volta de 09h30min (horário local, 11h30min no horário de Brasília). Foi um voo longo e desconfortável para mim, pois fui sentado na poltrona do meio, tendo do meu lado direito o pastor Mário Freitas (que, apesar de já ter emagrecido um bocado por causa da cirurgia, ainda ocupa um espaço legal) e do esquerdo um senhor sem o menor escrúpulo de colocar um travesseiro encostado na minha orelha. Não consegui dormir direito e cheguei ao Panamá bastante cansado. Mesmo assim, a excitação pela viagem havia me dominado de tal maneira que saí a passear pelo Aeroporto Internacional Tocumen.
Em um saguão próximo ao nosso portão de embarque, tivemos uma reunião com a equipe completa. Nesse momento, o Pr. Mário dividiu as equipes, deu as orientações necessárias e nos inseriu no contexto cultural haitiano. Aprendemos algumas características do Haiti, entendemos (na medida do possível) como deveríamos proceder com as pessoas e, acima de tudo, ouvimos que deveríamos comer tudo daquilo que nos fosse oferecido. E isso não é só sobre comida.
Partimos para Port-au-Prince às 12h (para facilitar, toda vez que aparecer um horário de agora em diante, será no horário do Haiti, ou seja, duas horas a menos do que no Brasil) e chegamos lá por volta de 14h30min. Logo de cara, já notamos um pequeno sinal do terremoto: uma enorme rachadura na fachada do Aeroporto Internacional Toussaint Louverture. Do lado de dentro do aeroporto, uma banda recebia os visitantes tocando um ritmo caribenho que nem me arrisco a dizer o nome. Exótico, se você precisa de um adjetivo.
Um fato sobre a chegada no Haiti: é praticamente impossível sair do aeroporto sem gastar algum dinheiro. O portão do desembarque internacional fica abarrotado de gente tentando carregar as bagagens dos viajantes até o carro para conseguir algum trocado. Mesmo com o auxílio do pastor Vijonet Demero, nosso anfitrião no país, foi difícil chegar até os carros que nos esperavam sem gritar para algumas pessoas que não era necessário pegar nossas malas. Junte isso a um calor quase saariano e você terá um bom retrato do que é a primeira impressão geral de Port-au-Prince.
Fomos muito bem recebidos pelos membros da igreja do pastor Demero, um tipo de carinho com o qual não estou acostumado. Confesso, fiquei emocionado. Depois de breves apresentações, fomos levados por uma van para testemunhar o que o terremoto de magnitude Richter 7 fez na capital do Haiti. Aqui, desculpe, não há palavras que
descrevam com fidelidade o que senti vendo tudo aquilo. Essa foto é apenas um exemplo da triste realidade haitiana.


Voltamos para a casa do pastor e o que vimos foi, talvez, mais surpreendente do que a destruição da cidade: um dos cultos mais animados que já vi na vida. As pessoas cantavam e dançavam com tanta alegria que foi impossível não entrar no clima. Uma aula do que é ser verdadeiramente feliz com Deus. Apesar de não entender uma palavra de criolle, a língua oficial do Haiti, senti algo muito especial naquele culto. Ali, muita coisa começou a mudar dentro de mim. De novo, não há como descrever isso.
Quando o culto terminou, fomos jantar. Salada de repolho com cenoura, frango frito e banana frita. A salada é, basicamente, pimenta com um pouquinho de repolho em cima. Queimei até a parte externa da boca. O frango, nem arrisquei. A banana, sabe-se lá como, fica salgada e muito crocante. Gostei. Depois do rango, arrumamos nossos sacos de dormir/colchonetes na varanda – como muitas estruturas foram danificadas no país, pouca gente arrisca dormir dentro das construções – e dormimos. Estava tão cansado que nem vi a chuva que caiu durante a noite. Graças a Deus pelas lonas que cobriam a varanda.

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