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5 de maio de 2010

Haiti - Dia 00

É impossível começar a escrever sobre o tempo que passei no Haiti sem contar um pouco do que aconteceu no dia 0, ou seja, no dia anterior à viagem. Sem alguns eventos que aconteceram nesse dia, talvez outros não tivessem ocorrido nos sete dias posteriores.
Saí de Itaperuna no dia 18 de abril, um domingo, às 16:20, na primeira etapa da viagem. Foram pouco menos de duas horas até chegar a Campos dos Goytacazes, onde esperei por mais duas horas até chegar o ônibus para a capital paulista. Embarquei às 20 horas, tomei um remedinho contra enjoo e só acordei em Resende, último município fluminense antes de chegar ao estado de São Paulo. Desci, comi alguma coisa – salvo engano, foi um croissant de queijo (que estava frio e duro, muito ruim e ainda me custou R$ 4) -, lavei o rosto e voltei para o ônibus. Dormi até chegar à Terra da Garoa e ser recebido por aquele adorável trânsito.
Desci no terminal Tietê às 7:40 de segunda-feira, dia 19. Peguei a mochila, achei um orelhão e liguei para o até então desconhecido Matheus Ortega, a quem tinha sido passada a ingrata tarefa de ser meu cicerone até a hora do embarque para Port-au-Prince. Já comecei bem, acordando o cara. Combinei com ele o lugar onde nos encontraríamos, peguei o metrô – abarrotado de gente – e desci na estação Praça da Árvore. Dois minutos depois, chega o Matheus, com a cara de quem tinha acabado de acordar e estava tentando disfarçar isso para não me deixar sem graça.
Passei o dia na casa dos Ortegas e tive a oportunidade de conversar um pouco mais com o Matheus. Poucas vezes na vida simpatizei tão rápido com uma pessoa. Em nossos curtos papos (afinal, estávamos os dois cansados e queríamos dormir), recebi do Matt diversas palavras importantes para minha vida, e acho que ele nem esperava isso. Uma coisa martelava insistentemente no meu coração, e com uma simples frase, o Matheus me ajudou a superá-la: “É, cara, o evangelho também é renúncia”. Pronto, simples e direto. De qualquer maneira, foi um dia muito agradável. Conheci sua mãe, seus irmãos e uma tia, todos igualmente simpáticos e gentis.


À noite, compramos os mantimentos para a viagem, arrumamos as malas e partimos para o aeroporto de Guarulhos. Lá, nos encontramos com o restante da equipe, 15 pessoas de lugares, igrejas e com funções sociais bem diferentes. Mesmo assim, a atmosfera era ótima. Todos sorriam, tendo a certeza de que os próximos dias seriam transformadores para todos.
Partimos para a praça de alimentação, onde tomei um delicioso sundae de chocolate enquanto os outros comiam coisas mais saudáveis (ou não) para aguentar a longa viagem de quase sete horas até o Panamá. Perto das três da manhã, fomos todos para a sala de embarque, prontos para virar haitianos durante sete dias. Às 03:50 da terça, dia 20, levantamos voo. Começava aí nossa breve e inesquecível viagem ao Haiti.

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