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9 de dezembro de 2009

[Review] John Grisham - O Testamento


Imagine um homem que, além de ser bilionário, é excêntrico. Fácil, certo? Agora imagine esse mesmo homem tendo 6 filhos, 3 ex-esposas e odiando todos eles. Imagine, ainda, esse velho de 72 anos escrevendo seu testamento, onde deixa seus 11 bilhões de dólares para as pessoas que odeia. Assim começa a trama de O Testamento, de John Grisham (O Júri e O Dossiê Pelicano).

Troy Phelan, o bilionário em questão, forja toda uma situação onde assina um testamento de 90 páginas deixando meio bilhão de dólares para cada filho. Assim que a cena termina, ele tira do bolso de seu roupão um outro testamento, escrito à mão e de apenas três páginas, que anula todos os outros testamentos anteriores e deixa toda sua fortuna para uma filha bastarda, Rachel Lane, que é missionária no Pantanal brasileiro. Depois disso, ele pula da cobertura de seu edifício e, obviamente, morre.

Os herdeiros Phelan, sem saber do último testamento, já começam a gastar o dinheiro, antes mesmo de receber qualquer parte da herança. Compram carros de luxo, mansões, programam viagens pelo mundo inteiro e outras extravagâncias do gênero. Mas quando o testamento finalmente é lido, quase um mês após o suicídio de Troy, todos percebem o quão fundo é o buraco em que se meteram.

Em O Testamento, Grisham trabalha com o assunto que domina como poucos: o cenário jurídico norte-americano. É incontestável a habilidade do autor em criar bons personagens, mas se não fossem as ricas ambientações jurídicas, talvez Grisham não fosse um autor mais do que comum. O diferencial está, justamente, no enfoque que dá aos tribunais (sempre co-protagonistas em seus romances), e isso não torna a obra maçante de maneira alguma.

O ritmo da narrativa beira o alucinante, mesmo quando a história não está no ápice da ação. Os diálogos são muito bem construídos, fugindo do óbvio – e, mais interessante, a valorização do silêncio conta muito a favor de Grisham (onde poderia haver diálogos, o autor encaixa apenas um pensamento, ou até uma onomatopéia, e a história corre com muito mais fluência). Como se tudo isso não fosse suficiente para convencer o leitor a sair correndo e adquirir o livro, digo apenas que o final é, talvez, o mais inesperado que já vi até hoje.

Você com certeza já viu algum filme baseado nas obras de John Grisham, o que prova que o cara é um expert na hora de criar boas histórias. O Testamento pode até não ser o melhor livro do autor, mas chega perto, sem dúvidas. Excelente. Nota 9

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