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18 de dezembro de 2009

Entrevista com a Baleia

Em rápida passagem por Rio das Ostras, município localizado na Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, fui presenteado por Papai do céu por uma oportunidade ímpar, daquelas que alavancam a carreira de qualquer jornalista no mundo: entrevistar o ícone maior da cidade, a Baleia da Costazul. Segue a entrevista na íntegra.

Eu: Baleia, conte um pouco de sua história para nossos leitores.

Baleia: Bom, meu nome verdadeiro é Moby (papai era grande fã de Melville), mas todo mundo me chama de Baleia mesmo. Estou aqui na praia da Costazul há uns 12 anos, onde acabei virando ponto turístico. É uma vida interessante, esse que levo. Vem muita gente bonita aqui tirar foto comigo, fico me sentindo tipo uma estrela de cinema. É bom pro ego.

Eu: E esse mergulhador, como foi parar no seu rabo?

Baleia: Pois é, já tive que aguentar muita piada sobre isso. "Ah, olha o cara pegando o rabo da baleia". Hoje em dia, nem ligo mais. A verdade é que não lembro como o Carlinhos foi parar ali. Só sei que ele ficou preso no meu rabo, coitado. Às vezes ele me diz que quer ir ao banheiro, quer fazer um lanche, mas não consegue sair lá de trás. Ele sofre.

Eu: Qual é a melhor época do ano aqui na Costazul?

Baleia: O verão, obviamente. Vem gente de tudo quanto é canto pra cá. É a época que mais tiro fotos, principalmente com crianças. No carnaval dá bastante gente também, mas aí não é tão legal. Gente bêbada fica subindo em mim, jogam cerveja em mim, tem gente que até resolve fazer intimidades aqui nas minhas costas... Esse povo não tem limite.



Eu: De quem foi a ideia de chamar esse local de "Praça da Baleia"?

Baleia: De alguém muito criativo, sem dúvida (risos). Acontece que "Praça do Moby" não ia ter muito impacto, então deixaram Baleia mesmo. No início, vinha pouca gente aqui. Depois que plantaram umas árvores, colocaram uns quiosques e uns banquinhos, a coisa mudou. Agora aqui é o ponto mais movimentado da praia.

Eu: Você pretende ficar aqui o resto da vida?

Baleia: Sabe como é essa vida de funcionário público... Meu contrato com a prefeitura é vitalício, então não há muito o que eu possa fazer pra mudar isso. Como nós, baleias azuis, estamos ameaçadas de extinção, também não quero dar mole e ficar passeando por aí. Mesmo assim, pretendo conhecer a Antártida nas próximas férias, mas tenho de voltar rápido. Gosto de Rio das Ostras, a ideia de morar aqui o resto da vida não me incomoda de forma alguma.

Eu: Qual conselho você daria para quem quer, como você, ser um ponto turístico de sucesso?

Baleia: Olha, não é fácil. É uma vida dura, é preciso ter muita força de vontade. A comida é pouca, faz muito calor, há o desagradável fator da bagunça no carnaval... Tem que pensar bem antes de seguir esse caminho. Para mim, foi uma escolha natural, já que papai também é ponto turístico, só que na África do Sul. Devo ir visitá-lo ano que vem (aí aproveito e vejo um joguinho ou outro da Copa do Mundo). De vez em quando ele vem aqui, mas o trabalho dele lá também é bem puxado.

E a entrevista terminou assim. Depois de nosso bate-papo, Moby foi visitado por mais de 300 pessoas, o que prova que seu trabalho tem grande reconhecimento.

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