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6 de setembro de 2010

Caminho das Mãos Vazias

Tem gente que gosta de futebol. Todo o tempo livre que possui, reúne os amigos e vai jogar
uma pelada. Também gosto de bater uma bolinha com os parceiros, mas confesso que não levo
muito jeito para isso. De vez em quando faço um gol, acerto um bom passe e até driblo
alguém, mas no geral sou só mais um em campo. Tudo bem, isso não me incomoda. Nunca tive
pretensões de ser um jogador profissional, e para o meu lazer, minha habilidade (ou falta
dela) me basta. Conheço gente que é apaixonada por outros esportes, como corrida – um
vereador conhecido meu corre em média 12 km por dia, e ele tem quase 50 anos -, tênis e
basquete. Eu, porém, amo karatê.
O karatê é uma arte marcial desenvolvida no Japão no século XIX (mas que se tornou
reconhecido como arte marcial alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial). O significado de
“karate-do”, o nome original da luta, é “caminha das mãos vazias”, mostrando que armas não
são necessárias para uma autodefesa eficiente. Baseado em socos, chutes e combinações disso
(envolvendo, ocasionalmente, joelhos e cotovelos), o karatê é a arte marcial com mais
adeptos no mundo, tendo na França seu maior expoente atual. Pode-se dizer que em
competições, a França está para o karatê assim como a Espanha está para o futebol.
Minha paixão por esta luta começou na minha infância, quando tinha oito anos. Um belo dia
estava indo para a escola quando um pivete tentou roubar meu precioso boné do Mario Bros.
Inocente, reagi, apanhando bastante do menino. Meu pai, revoltado com isto, me matriculou
numa academia de karatê do estilo kyokushin, considerado um dos mais brutos. O tempo passou
e, por circunstâncias diversas, acabei abandonando o esporte. Recentemente, porém, por
influência de amigos, resolvi voltar a treinar – desta vez em outro estilo, o tradicional
shotokan.


O que mais me atrai no karatê não é exatamente a parte visual, apesar de gostar muito desses
golpes mais elaborados, como chutes altos e as combinações de golpes. O que me interessa
mesmo é a parte “filosófica”, se podemos chamar assim. Disciplina, respeito, autocontrole,
tudo isso faz parte da arte marcial de forma tão profunda que é difícil separar um do outro.
E é isso que eu estava precisando, de algo que me desse segurança física suficiente para uma
emergência e também disciplina mental.
Muitos amigos meus questionam minha preferência pelo karatê, falando que outras formas de
luta (como muay thai e jiu jistsu) são muito mais eficientes para situações reais de briga.
Minha resposta é simples: nem todo mundo pratica uma arte marcial para brigar na rua. Aliás,
arrisco-me a dizer que uma minoria usa o que aprende para brigar. Meu compromisso com o
karatê é o do autoconhecimento e do autodesenvolvimento. Conhecer meus limites e batalhar
para superá-los, é isso que o karatê me ensina. E nas palavras do mestre Funakoshi, criador
do estilo Shotokan, “Alguém cujo espírito e força mental se fortaleceram através das lutas
com uma atitude de nunca desanimar não deve encontrar dificuldades em enfrentar nenhum
desafio, por maior que ele seja. Alguém que suportou longos anos de sofrimento físico e
agonia mental para aprender um soco ou um chute deve ter condições de encarar qualquer
tarefa, por mais difícil que ela seja, e de executá-la até o fim. Sem dúvida nenhuma, uma
pessoa com essas características aprendeu verdadeiramente o Karatê-Dô”.

Um comentário:

Daniel Silva disse...

karatê é legal pra caramba. queria ter praticado artes marciais quando pequeno. agora já foi.

postei no blog depois de meses... passa lá. acho que fiquei um pouco enferrujado.

abraço