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11 de março de 2011

Cruze a Linha!

Existe uma linha que separa dois mundos. Em um típico cenário urbano, uma bela jovem se depara com uma situação inesperada na qual ela tem a escolha de poder mudar a realidade.



Vídeo dos feras @MatOrtega e @AlysonMontrezol

14 de dezembro de 2010

A Feira

Antropólogos, sociólogos, psicólogos e muitos outros ‘ólogos’ têm estudado a natureza humana há muitos séculos. Tratados, livros, ensaios e artigos já foram feitos sobre o tema, sempre buscando compreender de maneira mais profunda a essência do homem. Infelizmente, não se chegou ainda a uma teoria definitiva sobre quem é o homem realmente.

Bla, bla, bla. Garanto pra você que se qualquer um desses ‘ólogos’ fosse à feira, ele entenderia tudo o que se precisa entender sobre a humanidade. No último sábado, fui à feira com minha esposa. Nunca tinha sequer pisado em um lugar como aquele, onde se vende de tudo o que se pode imaginar. Frutas, legumes, verduras, galinhas (vivas e mortas), patos, pastel, caldo de cana, cachaça, temperos, queijos, mel e por aí vai. Na feira tem de tudo um pouco. E naqueles poucos minutos em que estive naquela sucursal do Hades, tive um insight sobre a natureza do homem. E que insight.

Na feira, você vê o que o ditado “se o pirão é pouco, primeiro o meu” (você conhece esse ditado? Aprendi esses dias) quer realmente dizer. Imagine a seguinte cena: uma barraca que vende tomates já está com seu estoque quase no final. Duas senhoras analisam o que restou e pegam ao mesmo tempo um tomate. A senhora pode soltar este tomate? Não, eu vi primeiro. Sim, mas eu que peguei. Não, eu que peguei. Discussão. O dono da barraca pede calma. Nem eu nem ela, pensa uma das mulheres, e amassa o bonito tomate. Assim funcionam as coisas na feira.


O espírito de competição é algo completamente palpável na feira. Você caminha por todas as barracas procurando um preço bom, até encontrar o pacote de quiabo mais barato. Você compra por um cruzado. Depois, quando não está mais procurando, encontra mais barato. E você sente aquela sensação de derrota, de “fui enganado”, de “perdi o jogo”. Por causa de alguns centavos.

Na feira todo mundo é seu amigo e seu rival. Você entra em uma barraca, analisa com cuidado os produtos, e o senhor do seu lado diz que aqui tem umas coisas boas, mas naquela barraca ali não tem nada que preste. Você sorri daquele jeito, sabe?, quando você não quer conversar e nem ser rude com a pessoa. É, aqui as coisas estão bonitas. O velho dá uma volta e vai parar na barraca onde nada presta. Curioso, primeiro dá conselhos valiosos, depois te passa a perna e vai comprar em outro lugar.

Ali, em meio às verduras e as frutas, entre um abacaxi e a taioba, você entende quem o homem realmente é. Competitivo, invejoso, exibido, astuto, burro, esperto, lento, malandro. Todas as nuances existentes na alma humana se encontram em um só lugar, uma vez por semana, por um curto espaço de tempo, algo comparável apenas aos alinhamentos galácticos mais complexos do universo: este lugar é a feira.

1 de dezembro de 2010

Needtobreathe - Garden

Pra tirar a poeira do blog, resolvi postar essa belíssima canção que descobri ontem. Chama-se "Garden", da excelente banda Needtobreathe. Os caras tocam um country rock alto nível, com arranjos fantásticos e uma interpretação de dar arrepios (no bom sentido) do vocalista Bear Rinehart. O que mais gostei no Needtobreathe foi justamente essa parte de interpretação, dá para ver que eles realmente acreditam naquilo que cantam. Sensacional!



Este vídeo é de uma participação dos 'frentes' da banda, os irmãos Bear e Bo Rinehart, em um programa de rádio. A música fala sobre a passagem bíblica de Jesus no Getsêmani.

8 de outubro de 2010

O deus da riqueza

De tempos em tempos, as igrejas evangélicas entram numas “modas” que invariavelmente acabam roubando, ainda que indiretamente (e até sem querer), a verdadeira essência do evangelho. Houve a época em que todo mundo era apaixonado por Deus – usando esse termo mesmo, “paixão” -, onde nove entre dez músicas de artistas cristãos falavam sobre estar apaixonado por Deus. Houve a época da batalha espiritual, onde tudo era culpa de demônios, tudo era influência maligna e era preciso passar por um processo bem complexo de “libertação e cura”. De uns tempos para cá, vivemos o evangelho da riqueza.
Primeiro, gostaria de dizer que não me oponho à riqueza. Pelo contrário. Seria hipocrisia dizer que não quero ser rico. Todo mundo quer. O que me incomoda é que o que tem sido pregado em muitas igrejas (e não só em igrejas, mas também na televisão, por grandes “líderes” de denominações) é que ser cristão é um passo certo para a riqueza. O que tem sido pregado hoje em dia é a teologia do “plantar para colher”, do “Deus quer te abençoar”, da “oferta de fé”, sempre com foco para a mudança rápida de padrão de vida daquele que resolve doar.

A igreja está cheia de mendigos pedindo esmolas para Deus

Sou cristão há pouco tempo, mas nunca concordei com esta visão de que Deus deseja tornar seu povo rico. Isto não é bíblico. Bom, pelo menos não me lembro de ter lido nada do tipo na bíblia. Há na bíblia referências à prosperidade? Sem dúvidas! Abraão tinha muitas terras, Jó foi o cara mais rico de sua época, José foi governador do Egito... Mas não há, em nenhum trecho das escrituras, algo como “... e Deus olhou para o seu povo e resolveu dar-lhe terras, gado, ouro, prata e pedras preciosas”.
A pessoa que busca riqueza em Deus está querendo muito pouco. Se alguém acha que isso é tudo que Deus pode oferecer, me desculpe, mas não é. Sem querer ofender a fé de ninguém – mas defendendo a minha -, penso que ter uma vida espiritual que foque apenas nas coisas deste mundo é uma tremenda perda de tempo. Se a bíblia me diz para não me preocupar em juntar riquezas na terra, mas no céu, e eu só me preocupo com o que posso ter aqui, estou fazendo algo errado, não? Mas se dar uma oferta de mil reais, dois mil, acreditando que Deus vai devolver sete, dez, vinte vezes mais é o máximo de sua fé nas bênçãos de Deus, está na hora de entender quem realmente Deus é e o que ele realmente pode fazer.
Para quem não acredita em Deus, é fácil e cômodo apontar o dedo para os evangélicos por causa desta questão financeira. Muita besteira é dita e feita em nome de Deus, mas que na verdade só visa o enriquecimento de algumas (poucas pessoas). Mas o que essas pessoas provavelmente não sabem (e não creem, provavelmente) é que Deus liberta, Deus cura, Deus ama. E é nesse amor que creio e por ele dedico minha vida a Deus. E é por causa desse amor que me recuso a servir a Deus esperando um carrão ou uma mansão como pagamento. Nesse deus (com ‘d’ minúsculo mesmo) cujo único mérito é distribuir dinheiro eu não creio, nunca vou crer e sinceramente tenho pena de quem crê.


* Este texto foi totalmente influenciado pelo ótimo post “Minha Declaração de Apostasia”, escrito pelo Rafael, do blog Escrito em Geez.            

23 de setembro de 2010

A Saúde na República das Bananas

Por meu pai ser servidor público federal, sempre tive plano de saúde. E é importante destacar que posso ser considerado um heavy user de plano de saúde. Tenho úlcera no duodeno, cinco graus de escoliose pra esquerda e constantes dores na lombar. Coisa de velho, eu sei. Pois bem, nos últimos três meses meu orçamento apertado não me permitiu mais pagar 190 reais por mês no meu plano de saúde. Assim, tive de entrar no nada seleto e gigantesco grupo dos pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde, o temido SUS.

Bom, pra você que não sabe, o primeiro passo para ser atendido pelo SUS em qualquer hospital público do país é este: vá até algum lugar designado pela secretaria municipal de Saúde com uma cópia de seus documentos e faça sua carteirinha. É uma carteirinha bem roots mesmo, de papelzinho e sem plástico. Depois que a sua carteirinha estiver pronta – depende de quantas pessoas estão fazendo isso ao mesmo tempo, a minha demorou uns 20 minutos -, o próximo passo é procurar um posto de saúde ou um hospital para conseguir uma consulta. Aí, amigo, a coisa começa a complicar.


Se você for a um posto de saúde (meu caso, mas em hospitais às vezes é até pior), prepare-se para dois cenários: ou você chega por volta de seis da manhã e consegue um lugar razoável na fila (note o uso de “razoável”, pois tem gente que chega na fila às quatro da matina), ou você vai a hora que der e desmarca os compromissos da semana toda. Ou ainda uma terceira hipótese: descole um contato quente no posto de saúde. Um médico amigo da família, aquele chefe dos enfermeiros que namora um primo seu, sei lá. Tendo o contato, as coisas ficam menos difíceis. Acordei às seis da manhã, cheguei no posto às sete e, olha que coisa linda, encontrei um médico que é da minha igreja. Pedi a ele a indicação para um exame, ele me deu e pensei “beleza, moleza”. Ledo e ivo engano. O exame que preciso fazer, uma ressonância magnética na bacia, só é marcado no primeiro dia útil de cada mês. Como em 1º de outubro estarei em viagem de lua de mel, só poderia marcá-lo no primeiro dia útil de novembro. Maravilha, não?

Agora fico imaginando a situação daquela senhora com reumatismo, gota e catarata que chega na fila às cinco da manhã apoiada numa bengala, fica três horas esperando ser atendida e tem seu exame marcado para dali a 20 dias. É fato conhecido e notório que o funcionalismo público no Brasil, de maneira geral, é uma vergonha. As pessoas atendem ao público como se estivessem prestando um grande favor à humanidade. Assim, o paciente que realmente precisa de atendimento fica à mercê da boa vontade de médicos, enfermeiros e auxiliares que trabalham de má-vontade.


Se o exame for um pouco mais “complicado” (leia-se “caro”), como uma ressonância magnética, uma tomografia ou algo semelhante, a burocracia é ainda maior. Ah, meu senhor, tem que pegar o laudo do médico, anexar ao pedido do exame, dar entrada no pedido e esperar até 60 dias úteis. E o pobre senhor, até lá, morreu. A saúde pública aqui na República das Bananas é uma vergonha completa. Depender do SUS é dar o primeiro passo para a morte.

6 de setembro de 2010

Caminho das Mãos Vazias

Tem gente que gosta de futebol. Todo o tempo livre que possui, reúne os amigos e vai jogar
uma pelada. Também gosto de bater uma bolinha com os parceiros, mas confesso que não levo
muito jeito para isso. De vez em quando faço um gol, acerto um bom passe e até driblo
alguém, mas no geral sou só mais um em campo. Tudo bem, isso não me incomoda. Nunca tive
pretensões de ser um jogador profissional, e para o meu lazer, minha habilidade (ou falta
dela) me basta. Conheço gente que é apaixonada por outros esportes, como corrida – um
vereador conhecido meu corre em média 12 km por dia, e ele tem quase 50 anos -, tênis e
basquete. Eu, porém, amo karatê.
O karatê é uma arte marcial desenvolvida no Japão no século XIX (mas que se tornou
reconhecido como arte marcial alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial). O significado de
“karate-do”, o nome original da luta, é “caminha das mãos vazias”, mostrando que armas não
são necessárias para uma autodefesa eficiente. Baseado em socos, chutes e combinações disso
(envolvendo, ocasionalmente, joelhos e cotovelos), o karatê é a arte marcial com mais
adeptos no mundo, tendo na França seu maior expoente atual. Pode-se dizer que em
competições, a França está para o karatê assim como a Espanha está para o futebol.
Minha paixão por esta luta começou na minha infância, quando tinha oito anos. Um belo dia
estava indo para a escola quando um pivete tentou roubar meu precioso boné do Mario Bros.
Inocente, reagi, apanhando bastante do menino. Meu pai, revoltado com isto, me matriculou
numa academia de karatê do estilo kyokushin, considerado um dos mais brutos. O tempo passou
e, por circunstâncias diversas, acabei abandonando o esporte. Recentemente, porém, por
influência de amigos, resolvi voltar a treinar – desta vez em outro estilo, o tradicional
shotokan.


O que mais me atrai no karatê não é exatamente a parte visual, apesar de gostar muito desses
golpes mais elaborados, como chutes altos e as combinações de golpes. O que me interessa
mesmo é a parte “filosófica”, se podemos chamar assim. Disciplina, respeito, autocontrole,
tudo isso faz parte da arte marcial de forma tão profunda que é difícil separar um do outro.
E é isso que eu estava precisando, de algo que me desse segurança física suficiente para uma
emergência e também disciplina mental.
Muitos amigos meus questionam minha preferência pelo karatê, falando que outras formas de
luta (como muay thai e jiu jistsu) são muito mais eficientes para situações reais de briga.
Minha resposta é simples: nem todo mundo pratica uma arte marcial para brigar na rua. Aliás,
arrisco-me a dizer que uma minoria usa o que aprende para brigar. Meu compromisso com o
karatê é o do autoconhecimento e do autodesenvolvimento. Conhecer meus limites e batalhar
para superá-los, é isso que o karatê me ensina. E nas palavras do mestre Funakoshi, criador
do estilo Shotokan, “Alguém cujo espírito e força mental se fortaleceram através das lutas
com uma atitude de nunca desanimar não deve encontrar dificuldades em enfrentar nenhum
desafio, por maior que ele seja. Alguém que suportou longos anos de sofrimento físico e
agonia mental para aprender um soco ou um chute deve ter condições de encarar qualquer
tarefa, por mais difícil que ela seja, e de executá-la até o fim. Sem dúvida nenhuma, uma
pessoa com essas características aprendeu verdadeiramente o Karatê-Dô”.